A trama da peça O Doido e a Morte parece fácil de ser descrita: um doido entra no gabinete do governador com uma bomba. O modo como os personagens lidam com essa situação revela uma sátira cheia de espirituosidade e dotada de um estilo bem humorado de ver a vida através da morte.
Aos poucos, três elementos se revelam e se mostram relacionados sob duas forças, dois movimentos distintos. O primeiro elemento é composto por dois artifícios: uma grande tela branca ao fundo do cenário, que assume cores marcantes com a luz e que vai acompanhando as mudanças de tons do espetáculo; junto com efeitos sonoros que dão máxima expressão a pequenos detalhes.  poucos objetos. Junto com a história não contada da vida de cada personagem, ela vai compor um elemento que se prende a marcas do passado, e é esse plano que contextualiza subjetivamente toda a história.
O segundo elemento são os personagens. Não há nenhuma relação social entre os dois personagens principais da peça, o Governador e o doido Sr. Milhões, mas eles são figuras acopladas, chegam a se declarar almas irmãs, fato que é importante para entender a conexão entre eles. Essa irmandade está na similaridade entre seres opostos. A ligação existe por que esses personagens sugerem apenas intensidades diferentes de uma mesma coisa: são personalidades que fogem da representação e do comum. Um quer ser um gênio e o outro quer ser um doido. O papel de ambos parece constantemente se inverter: o doido racionaliza sua descoberta filosófica e o esperto se desespera e endoidece de medo.

Critica social:

A sua obra caminha – depois de influenciada pela estética decadentista-simbolista finissecular e, mais tarde, pelo nefelibatismo e esteticismo – no sentido de uma progressiva tomada de consciência ética e social acerca do drama da condição humana: o conflito entre o sonho e a dor.